Uma prova de maturidade para fechar 2016 como ninguém esperava
André Rocha
16/11/2016 02h30
Com a derrota do Uruguai por 3 a 1 para o Chile, o Brasil tinha a certeza da liderança nas eliminatórias sul-americanas mesmo com derrota em Lima. Depois de cinco vitórias seguidas com Tite e os 3 a 0 sobre a Argentina no jogo mais esperado neste final de ano, seria natural um relaxamento. Ao menos diminuir a intensidade.
O início foi de pressão peruana com chute de Carrillo na trave. Um tanto por erros de posicionamento no setor direito com Daniel Alves, Paulinho e Philippe Coutinho, muito por méritos da equipe do argentino Ricardo Gareca, que fazia pressão no campo do ataque e Cueva circulava à frente das linhas de quatro e atrás de Guerrero, criando superioridade numérica pelos flancos.
O meia atacante do São Paulo recebeu entrada dura de Renato Augusto, que com o amarelo foi jogar mais adiantado pela direita, alternando com Coutinho. Na base da troca de passes com calma, linhas compactas e transições ofensivas mais rápidas, teve a chance com Paulinho.
Terminou a primeira etapa com 56% de posse e cinco finalizações contra três, mas apenas uma no alvo contra duas. O mais importante, porém, era a capacidade de equilibrar as ações, manter a concentração e a capacidade de competir.
O Peru repetiu a pressão com linhas adiantadas e o Brasil seguiu com a consciência de suas dificuldades, mas com paciência para sofrer e esperar o momento da estocada, que veio na arrancada de Coutinho e a "assistência" de Aquino para Gabriel Jesus marcar seu quinto gol em seis jogos com Tite.
Os donos da casa nitidamente se desmancharam mentalmente e foi a vez de Gabriel Jesus servir Renato Augusto, o meio-campista que decidiu na ponta direita com um toque de técnica e inteligência. Ainda houve a chance de ampliar com Paulinho servido por Douglas Costa, que substituiu Coutinho. Willian entrara na vaga Jesus, com Neymar indo para o centro do ataque.
A seleção peruana ameaçou, rondou a área, mas, a rigor, a chance mais cristalina foi em lance fortuito que quase surpreendeu Alisson. O Brasil de Tite finalizou 12 vezes contra sete e terminou com 57% de posse. Alguns sustos, mas sem perder o controle.
Uma prova de maturidade de quem já sobra na rota para a Rússia. Quatro pontos à frente do Uruguai e oito da quinta colocada, a Argentina. Seis vitórias seguidas igualando "As Feras do Saldanha" em 1969. Quem diria?
Para quem sofria ou era indiferente a cada jogo do Brasil de Dunga, a má notícia é que a temporada 2016 chegou ao fim.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.