Por que Marinho é o “Dudu” do futebol brasileiro para 2017
André Rocha
28/12/2016 01h05
No início de 2015, a pauta era a disputa entre São Paulo, Corinthians e Palmeiras por Dudu, que acabou indo para o alviverde e foi decisivo nas conquistas da Copa do Brasil e do Brasileiro.
Na época a questão era se a disputa pelo atacante do Dínamo de Kiev emprestado ao Grêmio não era exagerada, a ponto do "chapéu" do Palmeiras nos rivais ser comemorado como um título.
Dudu respondeu em campo com personalidade e, principalmente, por suas características: ponteiro de velocidade, que funciona também como um atacante circulando atrás do centroavante. Chama lançamento, arrisca o drible, infiltra em diagonal e finaliza.
Certamente o atual campeão brasileiro não se arrepende do negócio. O encaixe na equipe e a sintonia com Gabriel Jesus foram perfeitas e o rendimento médio de altíssimo nível para o futebol praticado no país. Não é o craque do time, mas facilita o trabalho de todos.
Agora em 2017 o alvo é Marinho. Cria da base do Fluminense em Xerém, rodou até se destacar no Ceará. Pela bola jogada e por uma entrevista folclórica. Passou pelo Cruzeiro e amadureceu de vez no Vitória, aos 26 anos.
Salvou o rubro-negro baiano do rebaixamento no Brasileiro com 12 gols e seis assistências, líder nos dribles certos e nas faltas sofridos. Um dos principais finalizadores da competição. Decisivo partindo da ponta para a jogada pessoal e a conclusão.
Ponteiro forte na jogada individual e preciso nos chutes. Artigo raríssimo. Por isso Santos, Flamengo, Grêmio e agora o futebol chinês querem contar com o atacante mais desequilibrante das últimas cinco rodadas do Brasileiro.
Exatamente o que faltou ao Fla de Gabriel, Everton, Cirino, Fernandinho e Emerson durante toda a temporada e ao Santos depois da saída de Gabigol. O Grêmio teve Pedro Rocha e Everton fundamentais na conquista da Copa do Brasil, mas Marinho seria uma mudança de patamar.
A tendência, porém, é que o novo centro milionário o seduza. Até porque a multa de 17 milhões de reais é praticamente inviável por estas bandas. Deve rolar um chapéu da China.
Assim como Dudu, Marinho não é um extra classe, um craque para atuar nos grandes centros da Europa. Mas para o futebol jogado aqui, por suas valências, vale o sacrifício, sem irresponsabilidades, dos clubes brasileiros.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.