Pelas circunstâncias, Botafogo ganha um ponto contra Flamengo "arame liso"
André Rocha
04/06/2017 14h14
A intensidade do Botafogo no primeiro tempo em Volta Redonda parecia uma clara tentativa de buscar o gol no início, aproveitando um Flamengo improvisado e com mais qualidade no banco que em campo, para depois administrar a vantagem dosando as energias e compensando o desgaste de viagem e jogo eliminatório no meio de semana pela Copa do Brasil.
Mesmo sem Camilo, Jair Ventura manteve a estrutura tática e a ideia de jogo com João Paulo mais adiantado e Matheus Fernandes no meio-campo. A equipe dobrava e pressionava a marcação pelos flancos e saía em velocidade.
O Flamengo sofria com Willian Arão totalmente perdido atuando aberto pela direita e Cuéllar responsável pela saída de bola com os zagueiros – Juan na vaga de Rafael Vaz – errando passes. Só melhorou um pouco a fluência quando Ederson, o meia central do 4-2-3-1, procurou o lado direito e deu opções de passe.
Muito pouco em um primeiro tempo muito fraco e contaminado pela rivalidade nada saudável fora de campo entre os clubes. O time alvinegro foi recuando as linhas, até por conta das lesões de Victor Luís e Aírton em lances com Arão, mas sem maldade do rubro-negro na do volante, bem mais séria. Entraram Gilson e Dudu Cearense, atrapalhando os planos do treinador.
Estava claro que o segundo tempo seria complicado para o Bota. E foi. O time foi definhando fisicamente com o calor e um Flamengo que ganhou qualidade e intensidade com Diego e Vinicius Jr. nas vagas de Cuéllar e Ederson. Arão, o pior do primeiro tempo, melhorou um pouco voltando à sua função no meio.
No entanto, os comandados de Zé Ricardo esbarraram em um velho problema: a dificuldade em transformar oportunidades em gols. Guerrero duas vezes e Everton perderam chances cristalinas. Vinicius Júnior acertou o travessão em bela conclusão. Foram 17 finalizações rubro-negras, mas apenas três no alvo.
O Bota concluiu quatro, uma na direção da meta de Muralha. E podia ter saído com a vitória se Roger não perdesse gol feito. No final, o time "cascudo" fez tudo para ganhar tempo e conter a pressão do rival que foi para o abafa no final com Leandro Damião na vaga de Arão. Pelas circunstâncias, ponto ganho no Raulino de Oliveira.
O Flamengo tem lastro de evolução com Diego recuperando ritmo de competição e Vinicius Júnior ainda mais confiante – teve sua melhor atuação entre os profissionais. Ainda tem Conca para estrear e as peças que podem chegar. Mas é urgente ser mais eficiente e contundente no ataque.
Porque time "arame liso", que cerca mas não fura, não pontua. Uma invencibilidade de três empates em quatro partidas é prejuízo.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
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