A melhor atuação do Flamengo com Rueda, mas Chapecoense não é parâmetro
André Rocha
20/09/2017 21h11
Reinaldo Rueda manteve Trauco e Everton Ribeiro fazendo a dupla pela esquerda no 4-2-3-1 habitual do Flamengo, depois da boa atuação na vitória por 2 a 0 sobre o Sport pelo Brasileiro. Também pelas ausências de René e Everton, mais a insegurança de Rodinei no trabalho defensivo pela direita.
Com o meia mais criativo pela esquerda e Berrío do lado oposto o quarteto ofensivo deu liga porque a movimentação do camisa sete para dentro procurando Diego na articulação abre espaço para o apoio do lateral e o deslocamento de Guerrero por ali, buscando a diagonal ou permitindo infiltrações de Diego, Willian Arão ou mesmo Cuéllar pelo centro.
Os volantes marcaram os dois primeiros gols no triunfo por 4 a 0 que valeu a classificação para as quartas-de-final da Copa Sul-Americana. Porque a Chapecoense era compacta no 4-1-4-1, mas os meio-campistas não pressionavam os adversários e a última linha defensiva ficava exposta e, pior, mal posicionada, permitindo as infiltrações em diagonal.
Ofensivamente só incomodava com o equatoriano Penilla, inicialmente pela esquerda e depois procurando o lado direito. Aproximar Arthur Caike de Wellington Paulista não funcionou e deixou ainda mais espaços entre as intermediárias.
Por isso o Fla sobrou na Arena da Ilha na melhor atuação coletiva sob o comando de Rueda. Mesmo com Diego atrasando alguns contragolpes e Berrío se equivocando nas tomadas de decisão. Problemas compensados por belas atuações dos volantes e a perfeição de Juan na defesa e na frente, completando os 3 a 0 no rebote de cabeçada de Guerrero, outro destaque, mesmo não indo às redes. Lucas Paquetá entrou e completou a goleada, completando bela assistência de Everton Ribeiro.
Foram 57% de posse de bola e 14 finalizações do Fla – oito no alvo, bem diferente do "arame liso" de outros jogos. O dobro da Chape. Uma medida da distância entre as equipes no campo.
Um desempenho animador se o Fla pensar na sequência de Brasileiro e Sul-Americana, porque para a final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro o time não terá Everton Ribeiro. Mas vale uma ressalva: a Chapecoense não tem sido um bom parâmetro para avaliar a evolução da equipe.
No Brasileiro, os 5 a 1 no mesmo estádio parecia um marco de recuperação do time comandado por Zé Ricardo, mas seguiu oscilando até a crise que culminou com a mudança no comando técnico. De qualquer forma, fica a impressão de que a combinação de características dos jogadores encontrou um melhor encaixe. Vale observar a sequência de jogos.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.