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Messi decide o superclássico tocando ou não na bola. Zidane foi infeliz

André Rocha

23/12/2017 12h09

A opção por Kovacic no lugar de Isco pode ter algo relativo à questão física do meia espanhol, mas remete muito mais às vitórias do Real sobre o Barcelona pela Supercopa da Espanha. A missão do croata era clara: ajudar Casemiro a fechar os caminhos de Messi.

Já o plano geral dos donos da casa era claro, para diminuir a desvantagem na tabela: adiantar a marcação e sufocar um Barça sem  referência de velocidade nas transições ofensivas. Um desafogo. Por isso o sufoco não transformado em vantagem no placar porque Cristiano Ronaldo furou dentro da área, depois finalizou bem e Ter Stegen salvou e Benzema se antecipou a Vermaelen no centro de Marcelo, mas a bola pegou na trave.

O visitante no Santiago Bernabéu só chegou ao ataque na combinação Messi-Paulinho. Primeiro passe por cima do argentino para o brasileiro fazer Keylor Navas trabalhar, depois o camisa dez, num raro momento pela esquerda, chegando ao fundo e cruzando para o volante-meia cabecear e o goleiro costa-riquenho pegar.

Barcelona também com duas linhas de quatro, mas com Paulinho um pouco mais solto para infiltrar e se juntar a Suárez, com Messi organizando. Rakitic e Iniesta fechando os lados, mas também criando por dentro e deixando os flancos para Sergi Roberto e Jordi Alba.

Primeiro tempo de 52% de posse do time merengue e nove finalizações contra quatro – duas no alvo para cada lado. A equipe de Zidane também cometeu mais faltas: nove contra duas. Muita intensidade na marcação fechando duas linhas de quatro com Modric e Kroos bloqueando os lados sem a bola e construindo por dentro, deixando a tarefa de abrir o campo para os laterais Carvajal e Marcelo.

O jogo mudou na segunda etapa em um lance simbólico para o clássico. Busquets recebeu a bola e Modric ficou no meio do caminho, deixando as costas para o compatriota Rakitic. Kovacic ficou com Messi e abriu-se um clarão. O camisa quatro blaugrana disparou sem marcação. Bola na direita, assistência de Sergi Roberto e gol de Luis Suárez. Sem Messi tocar na bola. A preocupação com o camisa dez nunca é exagerada, mas, se Zidane não errou, desta vez foi infeliz na escolha dos jogadores.

Benzema, em especial. Já passou da hora de pensar em Bale ou Asensio para acompanhar Cristiano Ronaldo na frente. Não adianta ter movimentação inteligente se na hora de concluir vem falhando miseravelmente. Sem gols a chance de mudar o jogo contra si sempre aumenta.

Com espaços entre as linhas, Messi apareceu. Para servir Suárez em novo contragolpe que terminou com Carvajal negando como "goleiro" o gol de cabeça de Paulinho no rebote. Pênalti, vermelho para o lateral e o 25º gol de Messi, 15º no Bernabéu. O maior artilheiro do clássico mais visto pelo mundo, especialmente na Ásia.

Com as substituições, o Barcelona controlou o jogo (terminou com 54% de posse), criou ainda mais nos contragolpes e conseguiu se salvar dos momentos de pressão madridista com Asensio e Bale, mas sofrendo com um homem a menos. Ainda mais com o desgaste da viagem a Abu Dhabi para a disputa do Mundial de Clubes.

No final, Messi deixou a bola sair pela lateral, a arbitragem ignorou e o argentino foi até o fundo, depois de passar com facilidade por Marcelo, para servir Aleix Vidal, substituto de Sergi Roberto. Na última das 17 finalizações do líder absoluto, agora com 14 pontos de vantagem sobre o maior rival – um jogo a mais.

Zidane temeu Messi e não estava equivocado. Mas pagou para ver e saiu caro. Porque o gênio pode ser decisivo tocando ou não na bola.

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.