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Bélgica terá confiança abalada ou vai ganhar "casca" com o susto japonês?

André Rocha

02/07/2018 17h36

O roteiro do duelo pelas oitavas de final entre os  belgas favoritos e os japoneses classificados apenas por menor número de cartões que Senegal teve o final esperado, mas com o roteiro mais inusitado possível.

Porque a Bélgica com os titulares repetiu em jogo eliminatório os erros defensivos que não causaram estragos contra Tunísia e Panamá na fase de grupos. De posicionamento e também logo após a perda da bola. Muitos espaços entre os setores na execução do 3-4-3/5-2-3 e sobrecarga no trabalho de Witsel atrás dos alas Meunier e Carrasco, do meia De Bruyne e do trio ofensivo.

O Japão começou compactando duas linhas de quatro e aos poucos foi avançando na troca de passes no ritmo de Shibasaki, com Kagawa aceso e os ponteiros Haraguchi e Inui se entendendo bem pelos flancos com Sakai e Nagatomo. Na defesa, Yoshida quase perfeito no duelo com Lukaku.

A Bélgica perdeu intensidade e as brechas ficaram ainda maiores. Os japoneses foram implacáveis com Haraguchi e Inui. Quando a Bélgica despertou, perdia por 2 a 0.

Mas paradoxalmente a vantagem criou o cenário mais complicado para os japoneses. Mais baixos e fracos, costumam sofrer com "abafas". Roberto Martínez trocou Carrasco e Mertens por Fellaini e Chadli. Esvaziou um tanto o lado direito, que só tinha Meunier no corredor. Mas descarregou cruzamentos na área japonesa.

Até Vertonghen diminuir em cabeçada que encobriu o goleiro Kawashima – um arqueiro mais alto sofreria o gol? Depois o empate com Fellaini em nova jogada aérea. Parecia que era a senha para uma virada até tranquila dos belgas na pressão. Talvez pensando numa possível prorrogação, a Bélgica diminuiu a rotação.

Com Honda em campo, o Japão reequilibrou as forças e recobrou confiança a ponto de buscar o gol da vitória já nos acréscimos. Deu trabalho a Courtois, mas também cedeu espaços. No ato final, o contragolpe de manual que terminou na assistência de Meunier para Chadli, o heroi improvável dos 3 a 2.

Foram 24 finalizações, mas apenas oito no alvo. 56% de posse dos belgas muito mais na pressão. Volume de jogo e qualidade, mas também deficiências sem a bola. Roberto Martínez deve repensar formação, sistema e estratégia contra o Brasil nas quartas.

A dúvida é se a virada com sofrimento surpreendente servirá para abalar a confiança dos belgas na própria capacidade ou criar uma "casca" para o maior jogo desta geração. É melhor que Tite se prepare para a segunda hipótese.

(Estatísticas: FIFA)

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.