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Volta de Felipão e "Caso Renato Gaúcho" têm semelhanças e diferenças

André Rocha

30/07/2018 08h43

Quando foi anunciada a volta de Luiz Felipe Scolari ao Palmeiras depois de seis anos para suceder o demitido Roger Machado, imediatamente surgiu nos debates esportivos e nas redes sociais a discussão sobre o recuo de um grande clube na busca por treinadores mais jovens e antenados.

Impossível não associar ao "Caso Renato Gaúcho". Não tão vivido quanto Felipão, mas que também parecia fora do mercado brasileiro e se transformou no treinador mais vitorioso dos últimos dois anos em sua volta triunfal ao Grêmio com títulos da Copa do Brasil, Libertadores, Recopa Sul-Americana e Campeonato Gaúcho.

Os casos têm semelhanças, mas também diferenças marcantes. A começar pelo tempo de inatividade. Renato deixou o Fluminense em 2014 depois de um trabalho muito aquém das expectativas e ficou mais de dois anos parado. Já Scolari estava desde 2015 no Guangzhou Evergrande e empilhou títulos: campeão asiático em 2015, tri chinês e mais a Copa e o bi da Supercopa do país. Mesmo em uma liga menos competitiva é um retrospecto respeitável.

Mas Renato tinha algumas vantagens no tricolor gaúcho. É o maior ídolo da história do clube e, principalmente, desenvolveu bons trabalhos nas passagens em 2011 e 2013, garantindo vaga para a Libertadores em campanhas de recuperação. Ao contrário de Felipão no Palmeiras, o treinador encontrou o legado de um trabalho mais estruturado e longo de Roger Machado. Sem contar que num contrato inicial de apenas três meses por conta da eleição no clube não havia tanta pressão para tirar o Grêmio do jejum de 15 anos sem uma conquista relevante desde a Copa de Brasil de 2001.

Por outro lado, Felipão pode repetir com Paulo Turra, seu auxiliar junto com Carlos Pracidelli depois que Murtosa desistiu de acompanhar a comissão técnica do treinador, a parceria mais que bem sucedida de Renato com Alexandre Mendes. Enquanto o assistente, mais estudioso, trabalha na metodologia de treinamentos para manutenção do modelo de jogo, o técnico cuida dos detalhes estratégicos da equipe e, especialmente, da gestão de grupo para manter todos mobilizados. Sem contar o carisma e a coragem para lidar com imprensas e as pressões internas e externas.

Só que a última passagem de Scolari pelo clube paulista em 2012 teve dois lados bem distintos: conquista da Copa do Brasil com uma equipe limitadíssima, mas também a campanha pífia no Brasileiro que encaminhou o rebaixamento. Uma mancha que coloca uma ponta de dúvida no torcedor, assim como o emblemático 7 a 1 para a Alemanha pela seleção brasileira.

O trabalho no Grêmio em 2014/15, também não terminou bem. Abriu espaço para Roger Machado, sucedido por Renato. Agora é Scolari quem substitui Roger, mas em um cenário bem mais complexo. No olho do furacão.

O treinador da conquista da Libertadores em 1999, porém, tem muitos créditos e chega com aura de messias. Um toque de sebastianismo em ambiente político conturbado. O típico "escudo" que todo dirigente quer para sair do foco da ira de um torcedor que quer ver o alto investimento se traduzindo em títulos e se desiludiu com a volta frustrante de Cuca no ano passado. A cobrança será proporcional à esperança.

Mas tem boas chances de funcionar, especialmente nas disputas de mata-mata. No nosso futebol brasileiro passional e um tanto caótico, já está claro que se houver química e a dosagem certa de razão e emoção tudo pode dar muito certo. Aconteceu com Renato Gaúcho, por que não com Felipão?

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.