Corinthians precisa estabelecer metas realistas para salvar temporada
André Rocha
24/08/2018 09h08
Há uma crise no Corinthians e é bobagem negá-la. Problemas de gestão financeira combinados com visibilidade de triunfos recentes enfraqueceram o time com baixas importantes – Carille, Rodriguinho e Balbuena, principalmente. O sucessor no comando técnico, Osmar Loss, é a prova de que estar inserido na estrutura e conhecer por dentro a mecânica do time em campo não significa sucesso imediato por "piloto automático".
É estranho ver o clube que faturou três títulos brasileiros nos últimos oito anos mais próximo da zona de rebaixamento do que da liderança – são oito pontos de distância do G-6 e sete do Z-4. Fica cada vez mais claro que regularidade está longe de ser o forte da equipe atual. A solidez defensiva e a precisão cirúrgica nos ataques ficaram pelo caminho.
Mas a temporada não está perdida. Longe disso. É possível salvá-la com mais um título para a vasta coleção dos últimos anos e fechar 2018 com duas conquistas. Sim, a Copa do Brasil. Semifinal contra o Flamengo com a volta em São Paulo. Ainda que os rubro-negros tenham vencido os dois últimos encontros, o retrospecto recente é mais que favorável. Até em 2016, ano complicado pela perda de Tite e as escolhas infelizes de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira como sucessores, foram quatro pontos conquistados no Brasileiro contra o time de Zé Ricardo que à época perseguia o Palmeiras na liderança.
Se conseguir a vaga na final há 50% de chances de um clássico paulista contra o Palmeiras. Rivalidade à flor da pele, ainda a discussão da final do Paulista na Justiça. Uma disputa mais mental do que técnica ou tática. Agora há Felipão do outro lado, mas a moral dos triunfos recentes está com o Corinthians. Contra um Cruzeiro que pode ainda estar envolvido com Libertadores também há chances, ainda mais se decidir novamente em casa.
No Brasileiro é preciso ser realista e administrar uma campanha de manutenção na Série A. Basta entender com humildade que desta vez os adversários importantes são os que estão na segunda metade da tabela e não no topo. Já na Libertadores, o que vier é lucro, a partir da volta contra o Colo Colo em São Paulo. Improvável que num ano tão conturbado o Corinthians arranque para um bicampeonato enfrentando os clubes mais fortes do país e do continente.
Respaldado pela diretoria, ao menos por enquanto, Loss precisa de calma e discernimento para pensar num time mais pragmático e forte no mata-mata. Jogando simples, retomando a concentração defensiva, especialmente nas jogadas aéreas da bola parada e sendo pragmático no ataque. No mais é dar confiança para os pilares Cássio, Fagner, Ralf, Jadson e Romero. Atletas experientes e com mentalidade vencedora.
Ou seja, resgatar a essência da identidade corintiana. Um ano caótico ainda pode terminar bem para o time brasileiro mais vencedor desta década.
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.