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Raniel errou mais que Dedé. Cruzeiro fora, mas Boca só se segura na camisa

André Rocha

05/10/2018 00h23

De novo a expulsão de Dedé condicionou o jogo. A primeira absurda e, por isso, anulada; a segunda bem discutível. Aliás, os dois cartões que o zagueiro levou no Mineirão. A questão é simples: será que na Bombonera um zagueiro do Boca Juniors seria advertido da mesma forma?

De qualquer forma, um jogador experiente e ciente de uma certa má vontade da arbitragem com times brasileiros deveria ter sido mais prudente. Depois do "indulto" da Conmebol, natural que ficasse visado. Errou.

Mais ainda Raniel, que entrou na vaga de Barcos e perdeu duas chances cristalinas por pura afobação. A última sem goleiro, com 1 a 0 no placar. É atacante promissor, mas precisa de mais equilíbrio emocional. Como esquecer de sua saída de campo logo nos primeiros minutos da final da Copa do Brasil no ano passada contra o Flamengo no Mineirão por dores musculares causadas por uma tensão descomunal?

O Cruzeiro teve dificuldades no primeiro tempo mais "racional", tentando criar espaços com a movimentação de Thiago Neves e De Arrascaeta às costas do volante Barrios. Guillermo Schelotto armou um 4-3-3 com Zárate como "falso nove" e os pontas Villa e Pavón alternando pelos flancos. Jogou para congelar a bola e a torcida gastando tempo. Faltou ao time mineiro pressionar mais no campo de ataque.

O cenário poderia ter mudado no final do primeiro tempo com o gol de Barcos. Mas Dedé, de novo ele, fez falta no hesitante goleiro Rossi e o lance já estava anulado no momento do toque final. A arbitragem comandada por Andrés Cunha acertou também ao assinalar impedimento de Barcos no lance que terminou no pênalti sobre De Arrascaeta. O erro capital foi mesmo no jogo de ida, com ajuda do VAR. A expulsão foi anulada, mas não o segundo gol do time xeneize que foi consequência.

O Cruzeiro cresceu no abafa com Raniel e também Sassá, que substituiu Lucas Silva e marcou o gol no seu primeiro toque na bola. Mano Menezes ainda colocou Rafinha na vaga de Arrascaeta, mas com um zagueiro a menos depois de três substituições para deixar a equipe mais ofensiva a equipe ficou fragilizada.

Com o passar do tempo veio a pressa e depois o desânimo pelos gols perdidos. Até Léo falhar ficando entre a disputa no alto com Ábila e fechar a passagem de Pavón, que não errou à frente de Fabio. Boca na semifinal, mas contra o Palmeiras de Felipão, se não melhorar muito o desempenho, esse time só se segura na camisa que impõe respeito demais em jogos decisivos. Ou se cair no colo novamente os benefícios dos erros da arbitragem.

Teve apenas 42% de posse e sete finalizações, mas seis no alvo. Foi mais eficiente que o Cruzeiro que concluiu na direção da meta de Rossi apenas três de um total de 17. O time brasileiro levantou 29 bolas na área e tentou 36 lançamentos. Mais uma vez faltou calma. Também criatividade de uma equipe que rende mais negando espaços e aproveitando os cedidos pelo adversário.

Ainda assim era possível estar na semifinal. Vai o Boca Juniors em busca de seu sétimo título. Mas desta vez não como favorito. Bem longe disto.

(Estatísticas: Footstats)

 

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.