Palmeiras é mais uma vítima brasileira da força mental do Boca Juniors
André Rocha
31/10/2018 23h44
Não é o melhor Boca Juniors da história, longe disso. Mas o time dos irmãos Schelotto que vai fazer uma das maiores, se não for a maior, final da Libertadores da história contra o River Plate segue uma tradição do clube na principal competição sul-americana.
A equipe que perdeu para o Palmeiras de Roger Machado na fase de grupos e correu sério risco de ser eliminada cresceu demais no mata-mata por conta de sua mentalidade vencedora. Independentemente de quem está em campo, a postura é de time grande e vencedor.
Pode sofrer e ficar acuado, como no início do jogo no Allianz Parque e na virada do segundo tempo que deu alguma esperança a Luiz Felipe Scolari e seus comandados. Mas nunca abdica do jogo, dificilmente se desespera e sabe "congelar" a bola para o sufoco passar e voltar a atacar.
Desta vez num 4-3-3 com Villa e Pavón nas pontas e Ábila no centro do ataque. Para se antecipar a Luan e abrir o placar sobre um Palmeiras forçando demais o jogo em Dudu pela direita ou no pivô de Deyverson. Mesmo com Lucas Lima tentando qualificar o toque no meio-campo.
O jogo direto e rústico criou alguns problemas para o time argentino quando se transformava em volume de jogo ao dominar os rebotes e voltar a atacar, insistindo nas jogadas pelos flancos. Mas foi no abafa da segunda etapa que saíram os gols de Luan e Gómez cobrando pênalti sobre Dudu.
O único momento em que o time xeneize baixou um pouco a guarda. Mas impressiona como admite a dificuldade, oscila mentalmente, porém não se desmancha. Voltou a jogar com Zárate na vaga de Pavón e Benedetto no lugar de Ábila. Sem mudar o desenho tático e o modelo.
Quando Felipe Melo, em reta final da carreira e obrigado a marcar por encaixe e perseguição depois de anos na Europa defendendo por zona, cansou e deu espaços, Benedetto marcou seu terceiro gol dos quatro do Boca na semifinal e matou o confronto com os 2 a 2.
Com Moisés, Borja e Gustavo Scarpa, o Palmeiras insistiu, porém perdeu organização. 31 lançamentos, 37 cruzamentos e 30 rebatidas. Mesmo com 326 passes certos e 60% de posse sempre fica a impressão de que o Palmeiras de Felipão poderia trabalhar mais a bola. No futebol jogado no Brasil tem bastado.
Os argentinos administraram com aquela combinação de pressão no adversário com a bola e seguir atacando, mas sempre ganhando todo o tempo possível para esfriar o oponente.
Confirmando a 16ª classificação em 19 duelos em mata-mata contra brasileiros. Massacre histórico de uma força mental que vai buscar contra o maior rival a sétima conquista para se igualar ao Independiente como maior vencedor da história do torneio.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.