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Afinal, o que o São Paulo quer da vida?

André Rocha

14/02/2019 06h58

Foto: Amanda Perobelli/Estadão

O São Paulo contratou Diego Aguirre, que fazia o time funcionar melhor nos momentos em que os jogos seguidos inviabilizam os treinamentos durante a semana. Quando teve tempo a equipe estagnou ou até regrediu no desempenho. O uruguaio precisava dos desafios seguidos para manter o grupo mobilizado e inflamado.

Depois efetivou André Jardine, jovem treinador que precisava de tempo para trabalhar, já que o que tinha para oferecer eram conceitos e ideias. Cinco jogos no Brasileiro (quatro em duas semanas), depois férias. Reapresentação, Flórida Cup, início do Paulista sem muita margem para experiências, primeira fase da Libertadores. Restava a gestão de grupo, o que significava na prática ser refém dos medalhões. Não podia mesmo dar certo.

O tricolor do Morumbi, gigante multicampeão, precisa decidir o que quer para a sua vida antes de qualquer passo depois da eliminação para o Talleres no maior fiasco continental do clube.

Vai na onda do torcedor histérico que quer um título para ontem depois de seis anos sem levantar taças e aposta em um treinador medalhão, boleiro e que simplifique processos para formar rapidamente um time competitivo e vencer o Paulista? Mesmo que signifique um trabalho capenga mais à frente no Brasileiro e nenhum legado para o sucessor?

Ou é melhor usar o ano com menos competições para enfim construir e depois afirmar uma maneira de jogar, como o Grêmio fez a partir de 2013, mesmo vivendo um incômodo jejum de conquistas? Como o próprio São Paulo esperou por Telê Santana na virada dos anos 1990. Ou ainda quando priorizou a conclusão das obras do Morumbi e ficou de 1957 a 1970 sem títulos oficiais. Vale a paciência para pavimentar um caminho seguro?

O que não pode é dar a impressão de seguir à deriva, ao sabor dos ventos. Ou do saudosismo, com a torcida clamando por Muricy Ramalho, depois de acreditar cegamente em Raí, Ricardo Rocha, Lugano…Sem renovação nos quadros políticos, acreditando em antigas fórmulas de sucesso. De quando Corinthians e Palmeiras enriqueciam os cofres são-paulinos alugando o estádio para grandes jogos. Passado, não volta mais. Como uma foto amarelada na parede, um armário cheirando a mofo.

É preciso escolher a direção e iniciar a viagem. Porque os rivais estão saindo do raio de visão. Ou é o São Paulo que fica cada vez menor no retrovisor?

Quem pode responder? Não é Jardine, isolado e emparedado pelos jornalistas em busca de explicações. Onde está o presidente Leco? A falta de comando é que torna o futuro tão duvidoso. Difícil achar a luz quando ninguém percebe a escuridão. Triste cenário de quem já foi modelo de gestão e hoje não sabe responder a pergunta mais básica: afinal, o que você quer da vida?

O São Paulo tem que se entender para começar a agir. Ou reagir. Porque já perdeu tempo demais.

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.