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Vaga na final não pode apagar covardia histórica do Corinthians no Pacaembu

André Rocha

08/04/2019 22h41

Administrar vantagem conquistada no jogo de ida em um mata-mata não é motivo de vergonha. Muito menos recuar as linhas com os ponteiros funcionando como laterais e alinhando seis ou até sete jogadores na defesa guardando a própria meta.

A covardia do Corinthians diante do Santos no Pacaembu foi não ter um planejamento mínimo de contragolpe ou de tentar reter a bola na frente com Gustavo e esperar a aproximação dos companheiros. Foi retranca e chutão na maior parte do tempo. Foram 44 lançamentos e 65 rebatidas!

Um primeiro tempo de apenas 29% de posse e 64 passes certos. Duas finalizações. Foi para isto que Fabio Carille fechou os treinos e reclamou de espionagem? Nem na bola parada o Corinthians apresentou algo novo.

O Santos fez o que pôde. Alternou Derlis González e Carlos Sánchez bem abertos pela direita e Victor Ferraz como lateral atacando por dentro, assim como Pituca do lado oposto, dando suporte a Soteldo. Por dentro, Jean Mota e Cueva ora recuando para articular, ora pisando na área. Na prática, um 2-3-5 ultraofensivo.

No total foram 23 finalizações do time de Jorge Sampaoli, 11 no alvo. Inclusive no gol salvador, já no desespero com Victor Ferraz despejando na área um dos 47 cruzamentos da equipe na partida e o golpe de cabeça de Gustavo Henrique enfim vencendo Cássio. Houve domínio até para golear, mas novamente faltou contundência.

O Corinthians terminou com Ramiro e Love nas pontas, Junior Urso e Sornoza por dentro à frente de Ralf e Boselli isolado no ataque. E o mais paradoxal: logo depois de sofrer o gol o time visitante atacou com cinco jogadores no campo adversário e trabalhou a bola até Sornoza finalizar para fora.

A única conclusão na segunda etapa do atual bicampeão paulista. Ora, se naquele momento uma bola perdida que terminasse em gol do rival significaria a eliminação, por que não arriscar em busca do gol que complicaria de vez a vida do oponente ao menos em alguns momentos do jogo?

Difícil entender. Seja como for, na disputa por pênaltis o Corinthians nem precisou das defesas de Cássio, lendário pegador de penais. Primeira cobrança de Kaio Jorge no travessão, a última de Victor Ferraz na trave direita. Vanderlei pegou o chute de Boselli, mas não evitou a eliminação de sua equipe.

O Santos honrou suas tradições e o Corinthians cumpriu uma atuação vergonhosa, constrangedora. Uma covardia histórica. Não fez por merecer a vaga na final e a chance de buscar um tricampeonato. Mas futebol não se baseia em justiça.

(Estatísticas: Footstats)

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.