Grêmio na semifinal ao seu estilo. Bahia de Roger exagerou na cautela
André Rocha
17/07/2019 21h26
A proposta do Bahia ficou bem clara no primeiro tempo na Fonte Nova. O mesmo 4-1-4-1 com linhas recuadas e acreditando no escape com Artur alternando pelas pontas. Ou seja, mantendo a ideia de Roger Machado em Porto Alegre, apesar do contexto diferente.
Cenário que deixou o Grêmio confortável para jogar no seu estilo depois de um início naturalmente tenso, com a torcida baiana quente e tentando empurrar o time de coração.A equipe gaúcha rodava a bola no ritmo do meio-campo passador formado por Maicon, Matheus Henrique e Jean Pyerre. Com 66% de posse, mas dificuldade para criar a chance cristalina pela ausência de espaços para as infiltrações em diagonal de Alisson e Everton. Ainda assim, finalizou sete vezes, duas no alvo. Mesmo número do Bahia, mas o time da casa concluiu apenas quatro vezes.
O Bahia adiantou um pouco as linhas no início do segundo tempo, com Ramires mais meia e o desenho próximo de um 4-2-3-1. Porém ainda insistindo com Artur mais fixo pela direita e bem vigiado por Cortez e pela cobertura de Kannemann. Quando a disputa parecia mais equilibrada, Alisson não buscou a diagonal às costas da defesa adversária, mas cortou dois oponentes da direita para dentro e bateu de canhota no canto esquerdo de Douglas Friedrich, que não alcançou.
Só com a desvantagem no placar e no confronto o time baiano resolveu se lançar à frente. Difícil de entender este comportamento, já que a equipe deixa para se expor justamente quando a tensão e, consequentemente, a chance de errar é maior. Com muito campo para correr, Alisson disparou e só parou contido por falta de Moisés. O árbitro Bráulio da Silva Machado primeiro marcou pênalti e depois, com auxílio do vídeo, refez a decisão anotando a infração fora da área, mas expulsando o lateral do time da casa porque o ponteiro ia na direção do gol.
Com um a menos ficou bem mais complicado. Roger não repôs a lateral, trocou Elber e Elton por Arthur Caike e Shaylon e colocou Fernandão no lugar de Ramires para se juntar a Gilberto na área gremista insistindo com cruzamentos e ligações diretas – foram 21 lançamentos nos últimos 45 minutos.
Mas sem assustar. O Grêmio se posicionou atrás, Geromel e Kannemann dominaram nas rebatidas e nos contragolpes, com Rômulo, Luan e Pepê nas vagas de Maicon, Jean Pyerre e Alisson teve até chances de ampliar. Terminou com 61% de posse e 13 finalizações contra 11, quatro a três no alvo.
A diferença foi o chute de Alisson. Ou a postura de um time experiente e vencedor, com modelo de jogo mais que assimilado e experiência no mata-mata. O time de Renato Gaúcho está em mais uma semifinal de Copa do Brasil. O Bahia teve campanha digna, mas deve refletir sobre o excesso de cautela. Mesmo com a grandeza do Grêmio, não era para tanto.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.