Permanência "forçada" no PSG é última chance para Neymar amadurecer
André Rocha
02/09/2019 06h19
Neymar fica no Paris Saint-Germain. Até o fim da temporada, ou talvez até a janela de inverno europeu. Depois de desafiar o clube com o qual tem contrato em vigor até maio de 2022, o brasileiro vê o Barcelona desistir da negociação com o clube francês e Real Madrid e Juventus, outros potenciais interessados, não avançarem além das sondagens.
Segundo o "L'Equipe", Neymar estaria disposto a pagar do próprio bolso 20 milhões de euros para viabilizar a transferência que era dada como certa pela disposição do clube catalão de apostar alto e incluir jogadores no negócio, além da clara insatisfação do craque em Paris. Mas parece óbvio que o PSG não estava disposto a ficar sem o atleta e, como dinheiro não é problema, resistiu e negou todas as propostas. A confirmação oficial da permanência "forçada" virá com o fechamento da janela nesta segunda-feira.
Agora a maior contratação da história do esporte perde valor externamente e também dentro do clube, com resistência de parte da torcida e uma nítida má vontade de Leonardo, diretor técnico. Pela primeira vez ouve um "não" do mundo do futebol. Algo que talvez tenha faltado na saída do Santos para o Barcelona e deste para o clube francês. Ambas conturbadas e polêmicas.
Neymar se apresenta à seleção brasileira para as datas FIFA em baixa. Sem jogar desde junho, embora treinando em Paris. Com Tite, o último porto seguro, deve atuar nos amistosos. Mas depois volta com a missão de se concentrar nos objetivos do clube, incluindo a disputa da Liga dos Campeões no grupo do Real Madrid.
Um olhar otimista enxerga a última chance do craque de 27 anos amadurecer. Focar no trabalho, no desempenho em campo. Com Thomas Tuchel, seguir evoluindo na versatilidade, atuando aberto pela esquerda ou por dentro, como um meia criativo. Mais silêncio, menos marketing e turbulências. De preferência com um estilo mais objetivo, sem se preocupar tanto em cavar faltas e punições para os marcadores.
Entregar o melhor que faz: jogar futebol. Para ser notícia pelo talento com a bola, não pela péssima gestão de carreira. Ainda é tempo de mudar.
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.