Internacional na decisão com autoridade. Cruzeiro paga pela demora na troca
André Rocha
04/09/2019 23h17
O Cruzeiro fez uma partida até correta no Beira-Rio lotado. Tomando iniciativa, tentando criar jogo entrelinhas com Thiago Neves e Marquinhos Gabriel por dentro, Pedro Rocha e David nas pontas. Jadson e Dodô para tentar construir com qualidade junto a Henrique e Robinho. Depois Fred na referência, mas com bola no chão sem abusar dos cruzamentos: foram apenas doze contra 23 do Internacional.
Mas mudar de Mano Menezes para Rogério Ceni não é tão simples. Três anos negando a bola e depois alterar o comportamento para valorizá-la. Difícil ter confiança em tão pouco tempo para se impor em um ambiente hostil. Facilitou o controle do time da casa.
Já a equipe de Odair Hellmann ficou muito mais à vontade do que no duelo em casa contra o Flamengo pela Libertadores. Em um 4-1-4-1 que aproximava as linhas e deixava Guerrero mais à frente. Só que desta vez com Nico López pela esquerda, não Sóbis. O uruguaio não é exatamente um velocista, mas sustenta melhor os contragolpes e ganhou confiança pelo gol nos 3 a 2 sobre o Botafogo.
Como no passe errado de Dedé que teve como resposta a transição rápida com inversão de Nico para D'Alessandro e o cruzamento de direita do argentino na cabeça de Guerrero. Aumentando a vantagem e fazendo o adversário seguir lutando, mas com guarda baixa.
Até Nico acionar diretamente Guerrero e o artilheiro peruano definir a vaga na decisão com belo chute. No final, belo passe longo de Victor Cuesta e infiltração de Edenilson às costas da avançada defesa cruzeirense. A pá de cal com o toque por cima de Fábio.
Três a zero, quatro no agregado. Poderia ter virado goleada histórica. Foram 19 finalizações, mas apenas seis no alvo. Com apenas 43% de posse. Desta vez o contexto era favorável e o time gaúcho foi competente para conduzir a disputa à sua maneira.
Alegria completa com o rival Grêmio eliminado e a certeza de uma bela receita pela final da Copa do Brasil. Também a moral por encerrar a hegemonia do bicampeão que demorou a trocar o comando técnico e pagou caro. Resta buscar recuperação no Brasileiro. O Colorado está a dois passos do paraíso de um título nacional depois do inferno da Série B que definitivamente é página virada.
(Estatísticas: Footstats)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.