Seleção precisa competir sempre, como os europeus. Amistoso é cilada!
André Rocha
11/09/2019 06h10
A seleção brasileira perdeu para o Peru, sem Paolo Guerrero, por 1 a 0 em Los Angeles. Com David Neres, Allan e o estreante Vinícius Júnior perdendo boas chances, Neymar no banco de início e entrando no segundo tempo e a defesa falhando no gol do zagueiro Luis Abram. Difícil saber se a marcação de futebol americano na área brasileira ajudou ou prejudicou o sistema defensivo na bola parada. No gramado bizarro do Memorial Coliseum.
Não justifica a derrota, depois de oito gols marcados e apenas um sofrido em dois jogos contra a equipe de Ricardo Gareca na Copa América, incluindo a decisão no Maracanã. Mas os problemas desta "tour" nos Estados Unidos na data FIFA de setembro reforçam o que está cada vez mais claro: é preciso competir. Amistoso é cilada!
Principalmente pela quase impossibilidade de enfrentar os europeus, a pedra no sapato do Brasil desde 2002. França, Holanda, Alemanha e Bélgica como algozes nos Mundiais. Agora todos envolvidos com Eurocopa, Liga das Nações e eliminatórias. Sempre competindo. Com a intensidade do futebol atual é prejudicial até mentalmente jogar sem valer alguma coisa. Sem contar o incômodo que causa nos grandes clubes do mundo ceder seus atletas para praticamente nada.
Ok, a competitividade nas eliminatórias da Euro não é lá grande coisa na maioria das partidas e tivemos algumas goleadas em ritmo mais ameno e momentos grotescos como o goleiro da Lituânia se atrapalhando com a bola em um frango tragicômico no segundo dos quatro gols do inesgotável Cristiano Ronaldo nos 5 a 1 aplicados pelo atual campeão europeu e da Liga das Nações.
Ainda assim, o gol mais "feio" da carreira do gênio português será mais notícia pelo mundo que o revés brasileiro. Porque não dá mais para promover toda uma logística e expor atletas valiosos para seus clubes em partidas que nada valem. Desvaloriza também a "marca" da seleção cinco vezes campeã mundial.
Em outubro teremos mais dois amistosos, provavelmente contra africanos. Difícil criar alguma expectativa…Que venham logo as eliminatórias sul-americanas para que cada convocação de Tite não soe como engodo. Uma quase inutilidade.
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.