A melhor notícia no Beira-Rio é que vai ter Grenal na Libertadores
André Rocha
27/02/2020 01h33
Foram 62% de posse de bola, 16 finalizações e momentos de bom volume de jogo contra as duas linhas de quatro do Tolima que tentava acionar Francisco Rodriguez na frente.
Mas o Internacional ainda depender fundamentalmente da criatividade de D'Alessandro para criar espaços em um sistema defensivo que negava brechas para a chance cristalina pode cobrar o preço dentro de um mesmo jogo.
O argentino recordista de jogos na história da Libertadores, com 86 partidas disputadas, jogou solto como atacante ao lado de Paolo Guerrero no 4-1-3-2 que Eduardo Coudet insiste como sistema tático "de cabeceira".
E o "Cabezon" foi decisivo na jogada individual pela direita que terminou na assistência para Guerrero no gol único da partida.
Mas aos 38 anos, a consistência no desempenho não é mais a mesma. Porque falta gás, simples assim. Apesar das menores responsabilidades sem bola, a reação pós-perda já desgasta.
E ser a mente lúcida solitária complica ainda mais. D'Alessandro acabou sentindo, pisando em Robles e sendo expulso pelo segundo cartão amarelo.
O Inter precisa de soluções além das infiltrações de Edenilson. Rodinei e Uendel, substituto de Moisés, não entregam profundidade com qualidade. Com Boschilia no lugar de Patrick o time ganhou agilidade na intermediária ofensiva e Marcos Guilherme sempre melhora a aceleração na frente. Mas a carência ainda é grande.
O trabalho defensivo vai ganhando solidez com Musto protegendo Bruno Fuchs e Victor Cuesta, porém 12 finalizações do Tolima, quatro no alvo fazendo Marcelo Lomba trabalhar, ainda parece um número elevado.
E preocupante na disputa do Grupo E da Libertadores. Já sem D'Alessandro contra a Universidad Católica na estreia. E precisando evoluir para encarar o Grêmio nos dias 12 de março e oito de abril. Primeiro na Arena, depois no Beira-Rio.
O revés no primeiro duelo pelo estadual deve servir de aprendizado. Entre tantas outras coisas que precisam melhorar. Porque na noite no Beira-Rio a melhor notícia é que teremos a maior rivalidade do país desta vez em clássicos continentais.
Não é pouco. Desfrutamos, pois.
(Estatisticas: SofaScore)
Sobre o Autor
André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com
Sobre o Blog
O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.