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Santos de Jesualdo ganha respaldo com vitórias e um caminho pela esquerda

André Rocha

11/03/2020 06h39

Foto: Marcelo Zambrana / AGIF

Jesualdo Ferreira chegou ao Santos com a missão ingrata de suceder Jorge Sampaoli. Complicada pela meta de manter o nível de desempenho e alcançar os títulos que faltaram em 2019. Pelas cobranças iniciais, o raciocínio parecia simplista: se Jorge Jesus conseguiu fazer o Flamengo vencer com intensidade e qualidade, outro treinador português veterano pode alcançar o mesmo rendimento com resultados semelhantes.

Não é tão fácil, nem Jesualdo tem o mesmo estilo de Jesus. Acredita em organização e cuidado com a bola para envolver o adversário. As diferenças saltaram aos olhos logo nas primeiras partidas e a ausência do antecessor pesou, principalmente pelos resultados ruins.

O técnico de 74 anos discutiu com jornalistas, teve seus métodos questionados…mas seguiu adiante. Agora, se o futebol ainda não encanta, ao menos os resultados vêm dando respaldo e também um pouco de paz para buscar a evolução da equipe.

Depois da derrota para o Ituano por 2 a 0 que gerou o clima mais tenso, empate sem gols, com períodos de domínio, contra o Palmeiras e vitória sobre o Mirassol por 3 a 1, que garantiram a liderança do Grupo A do Paulista, com 15 pontos.

Na Libertadores, prioridade e também motivo de preocupação, os triunfos sobre Defensa Y Justicia fora de casa e Delfin, na Vila Belmiro sem torcida por conta da punição da Conmebol pela confusão em 2018 por conta da eliminação para o Independiente nas oitavas da Libertadores. 100% de aproveitamento até inesperados, mesmo em um grupo acessível que ainda tem o Olimpia, a outra força do grupo.

Jesualdo aposta na repetição de uma formação para fazer os jogadores assimilarem o modelo de jogo. Assim como Jesus, é avesso a poupar muitos atletas de uma partida para outra. Desta maneira tenta coordenar melhor os setores. Jobson atua à frente da defesa, qualificando com Lucas Veríssimo e Luan Peres a saída de bola com melhor passe que Alison. O volante atrás de Carlos Sánchez e Diego Pituca. O meio-campo vem conseguindo proteger a última linha defensiva e fazer a bola chegar ao ataque.

O tridente ofensivo tem Eduardo Sasha partindo da direita, mas entrando para se juntar ao centroavante – Kaio Jorge e Yuri Alberto, ambos com 18 anos, vêm se alternando na função. Com isso, a criação pelo setor fica por conta de Sánchez, que apoia Pará. Foi a solução encontrada com a ausência de Marinho, que fraturou o pé esquerdo.

As ações de ataque fluem melhor pela esquerda, com Pituca dando suporte a Felipe Jonatan e Soteldo. O venezuelano ainda não desequilibra como no final do ano passado, mas chama a bola o tempo todo e segue corajoso nos duelos contra o lateral do oponente. E a área adversária também fica mais "cheia" quando a jogada é criada pelo setor, já que Sasha, o jovem centroavante escolhido e Sánchez infiltram para finalizar. É o melhor caminho até aqui.

A circulação de bola, que Jesualdo disse ser um dos aspectos que contribuem para alcançar a intensidade, ainda é lenta em muitos momentos, assim como os setores ficam descompactados. É preciso também ser mais contundente quando domina a partida e intenso na pressão sobre o adversário com a bola, mesmo sem a "loucura" dos tempos de Sampaoli. Mas a confiança adquirida pelos resultados positivos recentes cria um ambiente mais arejado para trabalhar as ideias de jogo.

Como nada mais relevante se decide no primeiro semestre, por ora é o suficiente. Para desafios maiores à frente, o Santos vai precisar de progressos em todos os setores, também na conexão entre eles. Ao menos Jesualdo tem as vitórias como créditos para resistir às turbulências e cobranças tipicamente precoces do futebol brasileiro.

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.