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"Balanço" do Fluminense machuca o Flamengo, mas erros cobraram preço alto

André Rocha

13/07/2020 01h21

Foto: Ayson Braga / Brazil Photo Press / Folhapress

O Flamengo teve 59% de posse de bola e as mesmas seis finalizações no alvo do Fluminense no primeiro clássico da decisão do Carioca. Mas o número total de finalizações deixa claro que os rubro-negros, outrora favoritos absolutos, sofreram muito apesar da vitória por 2 a 1 no Maracanã. Foram 13 tricolores e nove do rival.

A maioria no segundo tempo de ampla superioridade da equipe de Odair Hellmann no trabalho coletivo. Organização defensiva, pressão no adversário com a bola e rápidas transições ofensivas. Usando as inversões de jogo como grande arma para sair da pressão na construção do contragolpe e também para castigar a última linha defensiva do Fla.

Da direita para esquerda, principalmente. Pegando Egídio, Marcos Paulo e às vezes até Dodi contra Rafinha. Chegando ao fundo, bola para trás ou invertendo novamente para pegar um companheiro nas costas de Filipe Luís, centralizado na diagonal de cobertura.

Jogada que foi mais difícil de ser realizada no primeiro tempo, já que o Flamengo, depois de um bom começo tricolor, se instalou no campo de ataque e, mais adaptado às mudanças de Jorge Jesus, conseguiu se impor. Com Rafinha atacando e se juntando a Vitinho, obrigando Marcos Paulo a recuar e o Flu perder a referência de velocidade pelo lado, já que Nenê do lado oposto é menos rápido e intenso.

Trocando passes e criando espaços às costas de Hudson, o volante entre as linhas de quatro do 4-1-4-1 repetido por Hellmann, o Fla encontrou soluções para colocar no jogo Diego e Pedro – novidades nas vagas de Gerson, que começou no banco, e Bruno Henrique, poupado por dores musculares. Inicialmente, a marcação adiantada do Flu complicava a circulação de bola mais lenta com Diego e menos velocidade para atacar espaços às costas da defesa adversária com a presença de Pedro ao lado de Gabigol.

Até uma rápida troca de passes pegar Diego livre para servir Pedro, também com liberdade para abrir o placar. Erro de Gilberto, que saiu para "caçar" e desmontou a última linha. O primeiro erro letal no clássico decisivo.

A vantagem fez o Fla diminuir a intensidade. Difícil saber se é uma oscilação natural pela sequência de jogos, preocupação pela incerteza da permanência de Jorge Jesus ou simplesmente a falta da simbiose com a torcida ausente no estádio. Gabigol parece o mais afetado, sem a eletricidade de outros momentos apesar da evolução na leitura de jogo que tem permitido mais assistências que gols nesta volta. Parecia disperso, apenas uma finalização que fez Muriel trabalhar nos primeiros 45 minutos.

O Flu seguiu apostando em inversões. Um "balanço" que castigava a defesa rival, especialmente os laterais veteranos, e criava chances. Até Egídio cruzar, Gustavo Henrique – outra novidade no lugar de Léo Pereira – ficar olhando e Evanilson empatar. Rápido desmarque do atacante, mas também vacilo do zagueiro.

Foi a senha para Jesus mandar a campo Everton Ribeiro e Gerson, mais Michael para ganhar velocidade e improviso. Não melhorou muito e o Fluminense seguiu superior, apesar do início do cansaço. Yago Felipe e Dodi se multiplicavam na marcação e no apoio aos atacantes. Mas veio a falha decisiva.

Lançamento longo, Egídio hesita na disputa em velocidade com Gabigol, que liga o "turbo" e só para na assistência para Michael marcar o gol da vitória. Contragolpe isolado de um Flamengo diferente, sem o "punch" de antes. Mas ainda o melhor elenco do país e do continente que não perdoa erros bobos.

O Flu falhou atrás e não foi eficiente no ataque, também pelas boas defesas de Diego Alves. Goleiro que segurou o jogo no final porque desta vez as substituições de Hellmann mantiveram o ritmo e o perigo na frente. Especialmente Fernando Pacheco e Caio Paulista. Jesus ainda trocou Pedro por Pedro Rocha e apelaria até para três zagueiros com Léo Pereira entrando na vaga de Gabigol.

Mas Wagner Magalhães interpretou a demora do camisa nove rubro-negro para sair de campo como antijogo e aplicou o segundo amarelo expulsando o atleta que fica de fora da segunda partida. Um exagero "compensado" pelo pouco tempo de acréscimo depois da confusão.

Vitória que deixa o Flamengo mais perto do título, porém a atuação inconstante é mais um sinal de alerta. Algo não está funcionando na mecânica de jogo. Além dos méritos inegáveis do Flu, que vai complicando muito mais que o esperado. Mas para vencer e virar a história do avesso na quarta o tricolor não poderá errar tanto.

(Estatísticas: SofaScore)

 

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Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

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O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.