campeonatofrances – Blog do André Rocha http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte. Mon, 13 Jul 2020 13:46:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Volta do futebol na Europa escancara drama do PSG e de Neymar na Champions http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/15/volta-do-futebol-na-europa-escancara-drama-do-psg-e-de-neymar-na-champions/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/06/15/volta-do-futebol-na-europa-escancara-drama-do-psg-e-de-neymar-na-champions/#respond Mon, 15 Jun 2020 13:50:22 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=8652

Foto: Reuters

O Manchester City entra em campo na quarta, dia 17, para enfrentar o Arsenal em jogo adiado da 28ª rodada da Premier League. Exatos 99 dias depois da última partida antes da pandemia: derrota para o rival United por 2 a 0 no dia 8 de março. Serão nove rodadas que devem confirmar o título do Liverpool, mais a Copa da Inglaterra que retorna nas quartas-de-final e tem a decisão marcada para 1º de agosto. O time de Guardiola já faturou a Copa da Liga Inglesa.

A Juventus voltou na sexta-feira empatando sem gols com o Milan e se classificando para a decisão da Copa da Itália contra o Napoli. Final na quarta, em Roma, e retomada da liga no dia 22, para mais 12 rodadas até o início de agosto. O time de Cristiano Ronaldo, para variar, lidera o campeonato, mas apenas um ponto à frente da Lazio.

Times com realidades opostas. O City praticamente cumpre tabela na liga e vai se dedicar à copa nacional até a volta da Champions, definindo a vaga nas quartas contra o Real Madrid depois de vencer na ida por 2 a 1. A Juventus define logo o mata-mata e depois parte para um guerra buscando manter a hegemonia no país. Ambas competindo forte até agosto, ou bem próximo disso.

O Paris Saint-Germain disputou a última partida no dia 11 de março, quando eliminou o Borussia Dortmund e conseguiu ultrapassar a barreira das oitavas da Liga dos Campeões na “Era Neymar/Mbappé”. Foi declarado campeão francês quando as autoridades francesas proibiram atividades esportivas até setembro.

Com o retorno das principais ligas, o PSG – e também o Lyon, o outro francês que disputa o torneio continental e venceu a Juventus na ida por 1 a 0 – se depara com o maior obstáculo, no momento, para o sonho de disputar com chances reais o maior título de clubes do planeta: a inatividade.

Com a possibilidade de disputa das quartas e semifinais em jogos únicos em sede fixa (provavelmente Lisboa), o time francês estaria objetivamente a três partidas da grande obsessão do clube. Mas como ser competitivo com quase seis meses sem jogos oficiais?

O clube busca uma flexibilização, com a possibilidade de realização de amistosos e da decisão da Copa da França, contra o próprio Lyon, no dia primeiro de agosto. Ainda assim, a distância do nível de competição seria gigantesca. Não só em relação aos exemplos citados, de City e Juventus.

O próprio Bayern de Munique, outro grande favorito ao título europeu pelo desempenho mesmo antes da parada, decide a Copa da Alemanha no dia 4 de julho contra o Bayer Leverkusen. Antes disso deve confirmar o octacampeonato da Bundesliga que, com apenas 18 clubes, termina no dia 27. Só uma partida em julho, mas ainda com grande vantagem sobre o PSG.

É claro que, por exemplo, uma lesão grave de um Cristiano Ronaldo ou Lewandowski neste processo pode relativizar e muito a vantagem dos times que estão jogando. Mas o contexto do gigante francês hoje é único. Nenhum time ficou tanto tempo sem jogar oficialmente.

Para piorar, a insatisfação com a direção do futebol, especialmente Leonardo, por conta do anúncio das saídas de Thiago Silva e Cavani. Clima tenso e sem partidas para dividir atenções e tornar as pautas sobre o clube menos negativas.

Como estarão Neymar, Mbappé e companhia quando entrarem em campo para o jogo mais importante da história recente do Paris Saint-Germain? Eis a maior incógnita do futebol desde a Segunda Guerra Mundial. E a resposta ainda vai demorar.

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Neymar e PSG decolam, mas problema continua o mesmo: a concorrência http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/17/neymar-e-psg-decolam-mas-problema-continua-o-mesmo-a-concorrencia/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2020/01/17/neymar-e-psg-decolam-mas-problema-continua-o-mesmo-a-concorrencia/#respond Fri, 17 Jan 2020 08:18:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=7838

Foto: AFP

As últimas atuações de Neymar no Paris Saint-Germain trazem a boa nova: o craque brasileiro voltou a ser notícia pelo que faz em campo. Com o camisa dez brilhando, o time francês naturalmente cresce e já ostenta uma invencibilidade de 13 partidas, desde a derrota para o Dijon pela Ligue 1 em novembro. Nos últimos oito jogos, um empate (3 a 3 com o Monaco) e sete vitórias por goleada.

Neymar voltou ao time aos poucos depois da demora na reapresentação e de lesões que vem perseguindo o jogador nos últimos anos. Mas já tem 13 gols e sete assistências em 13 partidas e influencia cada vez mais a produção do PSG líder absoluto da liga nacional com 49 pontos, oito a mais que o Olympique de Marseille em 20 rodadas. Foi às redes nove vezes nas últimas oito partidas.

O suficiente para criar um clima de otimismo em relação à possibilidade de, enfim, ser competitivo no mais alto nível dentro da Liga dos Campeões. A esperança aumenta por conta da campanha segura na fase de grupos, terminando na liderança e empurrando o Real Madrid para a segunda colocação. No confronto direto, 3 a 0 na abertura do Grupo A em Paris e a reação nos 2 a 2 dentro do Santiago Bernabéu.

É impossível negar que o PSG é favorito contra o Borussia Dortmund nas oitavas. A menos que muita coisa mude até o jogo de ida, na Alemanha, no dia 18 de fevereiro. Mas qual o parâmetro seguro para avaliar a equipe de Thomas Tuchel em um patamar mais elevado?

O problema segue o mesmo: a concorrência. Muito fraca na França, forte demais entre os grandes europeus. Justamente porque na liga espanhola, Barcelona e Real Madrid, na pior das hipóteses, têm um ao outro para se medir. E na Premier League, mesmo com Liverpool sobrando, o nível de enfrentamento é sempre alto. Faz diferença na hora de um mata-mata.

A vitória tranquila sobre o Real em casa tem o contexto específico da crise, naquele momento, da equipe comandada por Zinedine Zidane. Na volta, o time merengue, mais encorpado e fazendo sua melhor atuação na temporada até ali, dominou boa parte de um jogo eletrizante e poderia até ter construído uma goleada. Vacilou nos minutos finais e levou o empate.

De um PSG que depende naturalmente de Mbappé e Neymar para se impor. Mas ainda dá a impressão de ser frágil em jogos de transições mais intensas. E parece loucura imaginar, por exemplo, um time no 4-2-2-2 com Di María e Neymar como meias e uma dupla de ataque formada por Mbappé e Icardi segurando um duelo mais avançado da Champions contra um rival da elite atual – Liverpool, Manchester City, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique e Juventus.

Por maior que seja a dinâmica que Idrissa Gueye entregue ao meio-campo será difícil competir. O quarteto ofensivo até tenta cumprir as ordens de Tuchel na reação rápida depois da perda da bola com pressão, mas, na prática, muitas vezes acaba marcando “com os olhos”. Na França, defender com seis tem sido suficiente na maioria dos jogos. As disputas permitem um descanso ao longo dos noventa minutos por conta da disparidade técnica. No torneio continental pode custar caro já contra o Dortmund.

De qualquer forma, se Neymar não tiver nenhuma lesão ao menos terá a oportunidade de estar em campo para contribuir. E tentar virar do avesso as frustrações dos últimos anos. Não é pouco, mas também pode não ser suficiente. De novo.

(Estatísticas: Whoscored.com)

 

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Agressão de Neymar é sintoma do projeto sem rumo do PSG http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/29/agressao-de-neymar-e-sintoma-do-projeto-sem-rumo-do-psg/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/04/29/agressao-de-neymar-e-sintoma-do-projeto-sem-rumo-do-psg/#respond Mon, 29 Apr 2019 09:15:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=6413

Imagem: Reprodução/Gazeta Esportiva

Desde que o Paris Saint-Germain subiu ainda mais o patamar dos gastos com contratações, ato simbolizado pela chegada da dupla Neymar/Mbappé em 2017, as duas temporadas terminaram simbolicamente nas oitavas de final da Liga dos Campeões, com eliminações para Real Madrid e Manchester United.

Porque justamente pelo altíssimo investimento as conquistas na França são tratadas como mera formalidade. Visão que acaba criando uma mistura de depressão com comodismo. De março a maio o elenco estelar cumpre uma mera função protocolar.

Pior ainda quando duas das três conquistas ficam pelo caminho. O PSG ficou sem a Copa da França e também da Liga Francesa. Nem o bicampeonato da Ligue 1 com cinco rodadas de antecedência diminuem o vexame diante de tamanha disparidade. Eliminação nas quartas da Copa da Liga para o Guingamp, lanterna do Francês.

O Rennes é o 11º e conquistou a Copa da França no Stade de France. Nos pênaltis por 6 a 5, depois de correr atrás e empatar um jogo que parecia perdido. Com golaços de Daniel Alves e Neymar e boas atuações das estrelas brasileiras. Mas os velhos problemas coletivos, especialmente sem bola, que Thomas Tuchel não conseguiu corrigir.

Agora as especulações sobre o novo treinador apontam para Antonio Conte. Italiano de estilo bem diferente do atual comandante. Um dos sintomas do projeto com muito dinheiro, mas sem rumo do PSG. Assim como a entrada criminosa de Mbappé que rendeu um cartão vermelho e, principalmente, a agressão de Neymar a um torcedor quando se dirigia à tribuna receber a medalha de vice-campeão.

Uma explosão desmedida e desnecessária, de quem vive numa bolha com família, staff e “parças” e quando entra em contato com a realidade, com o povo, com o contraditório…se perde feio. Ainda criticou os companheiros mais jovens formados no clube. Para quem ele deveria servir como referência. Neymar disse que os meninos precisam ouvir os mais experientes, mas será que o camisa dez tem sido um exemplo para ser respeitado?

Nada justifica o destempero. Menos ainda depois de longa inatividade por conta de nova lesão no pé. Era para estar com a cabeça mais “limpa”, menos pressionado. Até porque curtiu bastante no período de recuperação, inclusive durante o Carnaval.

Mas o PSG carrega o planeta nas costas com a megalomania de quem vê os grandes títulos como consequência natural do muito que gasta. Nem na França funciona assim, menos ainda em competições de mata-mata. Que o clube e suas grandes estrelas coloquem os pés no mundo real e entendam que o futebol não existe para atender seus caprichos e devaneios.

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Revolução de Tuchel no PSG passa por estratégia, mas também pelo espírito http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/13/revolucao-de-tuchel-no-psg-passa-por-estrategia-mas-tambem-pelo-espirito/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/02/13/revolucao-de-tuchel-no-psg-passa-por-estrategia-mas-tambem-pelo-espirito/#respond Wed, 13 Feb 2019 06:04:32 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5907

É injusto afirmar que as ausências dos lesionados Cavani e Neymar facilitaram o trabalho de Thomas Tuchel para armar um PSG mais disciplinado taticamente para enfrentar o redivivo Manchester United de Ole Gunnar Solksjaer no Old Trafford pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões.

No triunfo sobre o Liverpool por 2 a 1 em Paris pela fase de grupos, que praticamente sacramentou a vaga para o mata-mata, o time francês mostrou organização e entrega na execução do plano de jogo. Com Neymar voltando para formar a segunda linha de quatro pela esquerda e, muitas vezes, Cavani recuando para ajudar no combate e liberar Mbappé para acelerar nos contragolpes.

A revolução de Thomas Tuchel no Paris Saint-Germain, porém, não apresenta seus efeitos em todas as partidas. Até porque há um abismo de vantagem na Ligue 1, a ponto do time se desconcentrar e acabar eliminado na Copa da Liga para o Guingamp. No confronto seguinte pela competição por pontos corridos, 9 a 0 no mesmo adversário, com o pé no acelerador durante praticamente todo o jogo. Para não deixar dúvidas de quem é o melhor time.

Eis o segredo: espírito. Se ao longo da temporada o PSG não se depara com grandes desafios, o grupo precisa estar preparado para quando chegar a partida importante, ou com algo em jogo além dos três pontos. A falta de hábito não pode ser um “álibi” a cada eliminação, senão o sonho europeu ficará sempre comprometido diante de clubes que participam de ligas mais fortes.

Na vitória por 2 a 0 em Manchester, o time de Tuchel foi vibrante, intenso, concentrado. Também valente, como Di María que enfrentou as provocações da torcida do seu ex-time sem se deixar intimidar e foi o destaque da partida com assistências para os gols de Kimpembe e Mbappé. Quando Ashley Young jogou o argentino em uma grade de proteção fora do campo, Marquinhos e seus companheiros chegaram junto para mostrar que na força e no grito o time da casa não venceria.

Pode parecer conversa fiada de quem diz no Brasil que “Libertadores é guerra”, mas no caso do PSG é bastante emblemático. Porque nas últimas eliminações, os gigantes Barcelona e Real Madrid passaram por cima. O primeiro com ajuda da arbitragem, sim, mas ambos na capacidade de se impor, fazer o oponente sentir medo. E o time francês dobrou os joelhos.

Agora não. Ou não tem sido assim nos jogos grandes. É claro que lendas como Buffon e Daniel Alves dão “casca” a qualquer time do mundo. O adversário respeita. Mas não é só isso. O PSG com Tuchel está diferente.

No duelo entre os treinadores, Solksjaer parece ter atingido seu teto. Depois do efeito do “fato novo”, de reintegrar Pogba e repaginar o time, a impressão é de que faltou repertório ao United quando se viu diante de uma equipe que conhecia suas virtudes e defeitos e tinha qualidade para responder em alto nível. Perdeu a invencibilidade logo no duelo mais importante.

Também  perdeu com Lingard, o atacante que mais trabalha sem bola e que muitas vezes recua para compensar a “desconcentração” de Pogba na fase defensiva, aberto pela direita. Provavelmente para acompanhar Bernat e não permitir a formação de uma dupla com Di María para cima de Young. Rashford acabou sacrificado entre os zagueiros.

Depois de um primeiro tempo equilibrado, o gol de Kimpembe deixou a disputa à feição do PSG. Os Red Devils adiantaram a marcação, mas muitas vezes deixando de pressionar o homem da bola e dividindo o time em dois setores e deixando um grande buraco na intermediária. Era sair da pressão e chegar com vantagem numérica do ataque. Na descida mais bem coordenada, passe longo para Di María e assistência para Mbappé.

Não importa muito se o desenho tático era o 3-4-3 ou o 4-1-4-1. O mais relevante foi a estratégia de posicionar Marquinhos esperando Pogba e Kehrer, Thiago Silva e Kimpembe atentos aos movimentos de Rashford e Martial, depois Alexis Sánchez. Porque Lingard, depois Mata, estava preocupado com Bernat, que abria o campo pela esquerda e Daniel Alves à direita. Verratti organizava e Draxler participava da construção e tentava se juntar a Mbappé. A joia  francesa foi o terror dos zagueiros Bailly e Lindelof na velocidade e podia ter definido o confronto num contra-ataque que De Gea parou com grande defesa.

PSG se impôs com organização e estratégia, negando espaços a Pogba com Marquinhos atento às brechas entre as linhas defensivas e Bernat atacando o setor de Lingard. Daniel Alves abria o campo do lado oposto e Mbappé acelerava contra Bailly e Lindelof (TacticalPad).

Vitória com autoridade pelo segundo tempo impecável e vaga nas quartas encaminhada, ainda mais com a expulsão de Pogba no final do jogo. Para confirmar a guinada do PSG. Se falta camisa e tradição na Champions, cabe ao time construir sua fortaleza e impor respeito aos adversários jogo a jogo, disputa a disputa. Com ou sem Neymar, Cavani ou qualquer outro.

Thomas Tuchel vem mostrando que sabe como fazer. Na tática e no olhar faminto de seu time. Convém respeitar.

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Copa e maturidade fazem PSG de Tuchel inverter status entre Neymar e Mbappé http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/22/copa-e-maturidade-fazem-psg-de-tuchel-inverter-status-entre-neymar-e-mbappe/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2019/01/22/copa-e-maturidade-fazem-psg-de-tuchel-inverter-status-entre-neymar-e-mbappe/#respond Tue, 22 Jan 2019 11:59:07 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5793

Quando Mbappé foi anunciado no PSG, este blog projetou o time francês ainda jogando em função de Neymar, mais experiente e afirmado no cenário mundial. Ao jovem que explodiu no Monaco restaria um posicionamento de relevância no ataque da equipe, porém com maior sacrifício tático.

Sem comparações, mas a expectativa era que simbolicamente Neymar seria Messi. Ou seja, o ponta articulador partindo do flanco para criar e finalizar, com total liberdade. Já a joia francesa seria o Neymar do Barcelona: coadjuvante de luxo, o ponteiro do lado oposto que acelera e busca as infiltrações em diagonal. Mas também com a responsabilidade de voltar e formar com o tripé de meio-campo uma segunda linha de quatro para bloquear as ações ofensivas dos adversários.

Justamente a opção do treinador Unai Emery na maior parte da temporada. Neymar solto com Cavani à frente, Mbappé se juntando à dupla, mas com maior entrega no trabalho coletivo. A contratação mais cara da história como a estrela, o garoto prodígio servindo de fiel escudeiro.

O reflexo nos números é inegável: Neymar marcou 19 gols e serviu 13 assistências em 20 aparições na liga francesa. Na Liga dos Campeões foram sete jogos, seis gols e três assistências. Desempenho excepcional prejudicado pela lesão no pé que fez o brasileiro retornar praticamente na Copa do Mundo.

Mbappé disputou 27 partidas (três saindo do banco de reservas), marcou 13 e entregou oito passes para gols na Ligue 1 e nos oito jogos que o Paris Saint-Geirman disputou na Champions anotou quatro gols e três assistências. Estatísticas respeitáveis para um atacante de 19 anos, mas bem inferiores ao seu companheiro e “tutor” no vestiário de estrelas do campeão francês e também das Copas da França e da Liga Francesa.

Mas veio a Copa do Mundo…França campeã e Mbappé como destaque e tendo a melhor atuação justamente na vitória mais simbólica dos Bleus na Rússia – 4 a 3 na Argentina pelas oitavas de final, com dois gols e desempenho fantástico, “varrendo” a defesa albiceleste com velocidade e técnica. Anotou quatro gols, inclusive na final contra a Croácia, e, para este que escreve, foi o melhor do Mundial.

Já Neymar, em que pese o tempo de inatividade, não teve o mesmo brilho nem conseguiu evitar a eliminação da seleção brasileira para a Bélgica nas quartas. Dois gols e uma assistência em cinco partidas. Ainda desgastou terrivelmente sua imagem por simulações de faltas e contusões e rodou o mundo piadas com o hábito de rolar no gramado e fazer caras e bocas quando sofre as infrações (ou não).

Na volta ao clube, um novo comandante: Thomas Tuchel. Com 45 anos e fama de “inventivo”, chegou valorizando todas as estrelas do elenco, elogiando muito Neymar. Com paciência, mas firmeza, mobiliza o grupo de jogadores, diminui as rusgas do brasileiro com Cavani e muda a mentalidade da equipe para a disputa da Champions, prioridade máxima na temporada.

O espírito ficou claro na vitória sobre o Liverpool na penúltima rodada da fase de grupos que praticamente garantiu a vaga no mata-mata em um grupo complicado que acabou jogando o bom Napoli de Carlo Ancelotti para a Liga Europa. Muita fibra, vibração e entrega para conquistar o único resultado que não complicaria a classificação. Nem a surpreendente eliminação na Copa da Liga para o Guingamp com derrota de virada por 2 a 1 muda essa impressão, até porque a “vingança” veio na Ligue 1 com uma goleada implacável: 9 a 0 e o time jogando sério o tempo todo, como um rolo compressor.

Nos dois triunfos simbólicos e em outras partidas da temporada fica bem clara uma mudança de status que se reflete no campo: agora é Mbappé quem joga livre na frente com Cavani e Neymar se sacrifica um pouco mais pelo time. Sem a bola, o camisa dez retorna e compõe uma segunda linha de quatro com Di María do lado oposto e Marquinhos ou Daniel Alves e Verratti no centro. No início da jornada 2018/19 chegou a atuar por dentro, como um “enganche”. Mas sempre municiando Mbappé.

Os números novamente apresentam as consequências do posicionamento em campo. Neymar segue com ótimo desempenho: 13 gols e seis assistências na liga. Na Champions foi às redes cinco vezes e serviu dois passes decisivos em seis partidas. Mas a joia francesa deu um salto, especialmente no campeonato por pontos corridos. São 17 gols e cinco assistências. No torneio continental, curiosamente, serviu mais que foi às redes: quatro assistências, três bolas nas redes adversárias.

É claro que a confiança com o título mundial e a melhor ambientação com os companheiros contribuíram significativamente para o progresso de Mbappé. Mas o posicionamento mais adiantado, com liberdade para procurar os lados e infiltrar em diagonal ou muitas vezes até ser a referência do ataque, com Cavani recuando para colaborar defensivamente quando o time recua as linhas para jogar em rápidas transições ofensivas, também colaborou para a evolução.

Até por temperamento, Neymar segue dando as cartas no vestiário e ajuda o companheiro a se soltar ainda mais. Mas o status mudou claramente: Mbappé é a estrela ascendente, com segurança e, principalmente, maturidade para desequilibrar e decidir nos momentos-chave. O brasileiro segue fundamental, mas terá que recuperar terreno em jogos grandes para voltar a ser o protagonista. Justamente o que o motivou a trocar Barcelona por Paris.

Se o sonho é ganhar a Bola de Ouro, Neymar ganhou um “inimigo íntimo”. O desafio é fazer com que essa disputa seja leal, sem prejudicar o rendimento coletivo. Até aqui vem funcionando, com os dois trocando muitos passes e comemorando juntos os gols. E Cavani sem reclamar do papel menor.

Todos parecem saber o lugar em campo e o valor do que entregam. Entenderam a nova “hierarquia”. Méritos também de Tuchel.

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Versão “olímpica” de Neymar no novo PSG pode ser boa opção para Tite http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/26/versao-olimpica-de-neymar-no-novo-psg-pode-ser-boa-opcao-para-tite/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/08/26/versao-olimpica-de-neymar-no-novo-psg-pode-ser-boa-opcao-para-tite/#respond Sun, 26 Aug 2018 05:10:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=5115

Foto: Christian Hartmann/Reuters

Thomas Tuchel, novo treinador do Paris Saint-Germain sucedendo Unai Emery, é um profissional inquieto e inventivo. Pensa suas equipes voltadas para o ataque, com muita gente chegando à frente e praticamente limitando o trabalho sem a bola à pressão pós perda e defensores rápidos na cobertura. Para seguir ocupando o campo adversário com posse, mas muita agressividade e rapidez na execução das jogadas. Foi assim no Mainz e no Borussia Dortmund.

Não seria diferente no comando do bilionário PSG. De Mbappé, Cavani e Neymar, mas também Di María. As dúvidas quanto à montagem da equipe com todas as estrelas disponíveis começaram a obter respostas nos 3 a 1 sobre o Angers no Parc des Princes. Terceira vitória consecutiva, 100% de aproveitamento na liga francesa.

Sem a bola, o 4-3-1-2, um dos sistemas preferidos do treinador. Com Meunier formando linha de quatro com os zagueiros Thilo Kehrer, Thiago Silva e Kimpembe. Marquinhos como volante, Rabiot pela direita e Di María à esquerda. Na frente, Cavani e Mbappé.

Atacando, uma espécie de 3-4-1-2 com os três zagueiros bem adiantados, Meunier e Di María abertos para esgarçar a marcação adversária, Marquinhos e Rabiot no meio, Cavani e Mbappé com liberdade para trocar o posicionamento, procurar os flancos e infiltrar em diagonal.

E Neymar? Solto. Com total liberdade, como Tuchel havia antecipado quando conversou com o jogador e o convenceu a ficar no clube francês, segundo informou o jornal “Le Parisien”. Para servir Cavani no primeiro gol em jogada pela direita e marcar o terceiro chegando de trás. Como um típico camisa dez. Aparecendo também na esquerda, onde deu uma “lambreta” em forma de passe no final do jogo. Se juntando aos atacantes, mas também fazendo o time jogar.

Novo PSG teve Meunier e Di María bem abertos e Neymar com liberdade total de movimentação. Pela direita serviu Cavani no primeiro gol sobre o Angers (reprodução ESPN)

Impossível não lembrar dos Jogos Olímpicos no Brasil em 2016. Sob o comando de Rogerio Micale, começou pela esquerda, mas depois, com a entrada de Luan na vaga de Felipe Anderson, ganhou liberdade total. Gabigol e Gabriel Jesus pelas pontas infiltrando em diagonal e voltando para colaborar sem a bola e Neymar pensando o jogo, mas também decidindo. Arco e flecha.

Tite insistiu com Neymar pela esquerda. Curioso pensar que para muita gente na época foi o treinador que havia acabado de assumir o cargo da principal que fez a mudança que resultou na medalha de ouro, passando por cima de Micale. Como, se a alteração mais importante quase não foi vista nas eliminatórias e nos amistosos?

Na seleção olímpica, Neymar jogou com liberdade para articular por dentro revezando com Luan. Gabigol e Gabriel Jesus jogavam abertos buscando as diagonais (reprodução TV Globo)

Só na Copa do Mundo, com Neymar voltando de um período de três meses lesionado, que Tite deixou em alguns momentos o seu camisa dez mais solto, adiantado e com autonomia total para se movimentar. Não por acaso, a melhor atuação aconteceu com essa dinâmica, na segunda etapa do jogo contra o México pelas oitavas de final. Marcou o primeiro gol e depois finalizou para Firmino marcar no rebote.

A mudança no clube pode e deve servir de inspiração para Tite neste novo ciclo que visa a Copa de 2022 no Qatar. Com Neymar numa zona de articulação a chance de prender a bola demais, levar pancada e simular faltas é menor. Já a de ser decisivo com gols e assistências cresce exponencialmente.

Não como no engessado esquema de Luiz Felipe Scolari na Copa de 2014, com Oscar e Hulk abertos e Fred na referência, sobrecarregando Neymar, que precisava buscar a bola nos volantes para pensar o jogo ou se adiantar nas ligações diretas para aproveitar alguma “casquinha” do centroavante e acelerar em direção à meta do oponente.

É possível pensar num quarteto leve e móvel, com Douglas Costa e Philippe Coutinho nas pontas, Neymar e Firmino buscando o jogo entre linhas e aparecendo na área adversária para finalizar. Não exatamente como a seleção olímpica ou o Paris Saint-Germain na movimentação do quarteto ofensivo, mas aproveitando o máximo de seu talento maior. Pode ser um bom recomeço para Tite, já nos amistosos contra Estados Unidos e El Salvador.

As primeiras experiências no novo PSG de Tuchel mostram que é um caminho com boas chances de sucesso.

Nos amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, Tite pode experimentar um quarteto ofensivo com Douglas Costa e Coutinho abertos e Neymar e Firmino com liberdade para articular, se movimentar e aparecer para concluir (Tactical Pad).

 

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Messi, CR7 e Champions são “culpados” pela disparidade nas ligas europeias http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/15/messi-cr7-e-champions-sao-culpados-pela-disparidade-nas-ligas-europeias/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/05/15/messi-cr7-e-champions-sao-culpados-pela-disparidade-nas-ligas-europeias/#respond Tue, 15 May 2018 17:59:15 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4580

Foto: Sergio Perez / Agência Reuters

O Bayern de Munique garantiu o sexto título consecutivo da Bundesliga, conquista inédita, com cinco rodadas de antecedência. Na França, o Paris Saint-Germain retomou do Monaco a hegemonia também disparando e confirmando matematicamente faltando cinco rodadas. A Juventus na Itália teve mais dificuldades, porém superou o Napoli e faturou o heptacampeonato nacional.

Na Premier League há maior alternância de poder, mas o Manchester City de Pep Guardiola liderou de ponta a ponta e empilhou recordes: chegou aos 100 pontos em 38 jogos e ainda fez história com mais vitórias (32), triunfos consecutivos (18), gols marcados (105), saldo (+79) e os 19 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

Se somarmos tudo isso ao domínio do Barcelona nesta edição da liga espanhola, com a invencibilidade perdida apenas na penúltima rodada com vários reservas e uma atuação desastrosa do colombiano Yerri Mina nos 5 a 4 do Levante. mas título confirmado faltando quatro jogos, temos um cenário em que as principais ligas da Europa não reservaram disputas mais acirradas.

A senha para os disseminadores do “ódio ao futebol moderno”, muitos confundindo equilíbrio com qualidade, protestassem contra este cenário em que, para eles, apenas a disparidade econômica justifica essa vantagem dos campeões.

O grande equívoco é desprezar a enorme competência e know-how desses clubes. O Bayern ostenta a melhor geração de sua história ao lado da de Beckenbauer, Gerd Muller e Sepp Maier nos anos 1970. O mesmo vale para a Juventus. O PSG nem há como comparar e no caso do Manchester City há um retrospecto de conquistas na década, mas principalmente a presença do “rei das ligas” Guardiola, com sete conquistas em nove temporadas por três clubes e países diferentes.

Sem contar Barcelona e Real Madrid com os grandes times de sua história. E os maiores jogadores de todos os tempos nos dois clubes. Competindo na mesma época. Eis a chave para todo este cenário.

Messi e Cristiano Ronaldo venceram as quatro últimas edições da Liga dos Campeões. Se considerarmos desde 2007/08, dez anos, são sete: Manchester United com uma, Barcelona e Real Madrid com três. E os merengues em mais uma decisão podendo ampliar este retrospecto.

Em tempos recentes nunca houve nada parecido. Um fenômeno que subiu o patamar da Champions para níveis estratosféricos. De interesse, inclusive, pela sedução de se medir entre grandes da história. Com isso, o sarrafo foi parar no topo. Para desafiá-los é preciso estar em um nível de excelência em desempenho. Em todos os aspectos – físico, técnico, tático, mental, logística…

Resta aos desafiantes investir. Em elenco, comissões técnicas, estrutura…Internazionale, Chelsea e Bayern de Munique conseguiram superá-los, com os alemães ainda acumulando dois vices e os ingleses um. Manchester United, ainda com CR7, Borussia Dortmund, Juventus e Atlético de Madri chegaram às decisões, mas não conseguiram equilibrar forças em jogo único. PSG e City seguem lutando para furar a casca e entrar no grupo de clubes mais tradicionais. O Liverpool, finalista depois de onze anos, tenta voltar à elite. Mas não é fácil.

Com esse nível tão alto, quem não consegue acompanhar vai perdendo o bonde da história. E os gigantes trabalham para ficar cada vez melhores de olho no principal torneio de clubes, dominado por Messi e Cristiano Ronaldo com seus históricos Barcelona e Real Madrid, mesmo com o time blaugrana de fora das últimas três semifinais.

Como consequência sobram em seus países. Elenco numerosos, estruturas fantásticas, ótimas comissões técnicas. Nos casos específicos de Bayern de Munique e Juventus, os títulos consecutivos acontecem também porque não há como se acomodar com as conquistas nacionais. Não são a prioridade. Então mesmo sobrando os processos são revistos e aprimorados, o elenco ainda mais qualificado. O time que está ganhando se mexe e fica ainda melhor. Pensando em Barça e Real Madrid.

Mas não basta só dinheiro. Ou o Borussia Dortmund de Jurgen Klopp não seria bicampeonato alemão de 2010 a 2012, o Atlético de Madri não teria superado os gigantes na Espanha em 2014. O mesmo com o Monaco contra o PSG na temporada passada e, caso a Juve não tivesse deixado a Champions ainda nas quartas eliminada pelo Real Madrid e dividisse esforços por mais tempo, o Napoli poderia ter fôlego para terminar na frente. Sem contar o fenômeno Leicester City na liga mais valiosa do mundo em 2015/16. Se não jogar muito não vence. A tese do “piloto automático” é furada.

Mais do que nunca o futebol no mais alto nível exige superação constante. Com regularidade, consistência. “Culpa” de Messi, Cristiano Ronaldo e da Liga dos Campeões que levam o esporte para outra galáxia. Ainda bem que estamos vivos para ver a história sendo escrita. E até os que hoje reclamam vão sentir saudades, mesmo que não admitam.

 

 

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PSG vive em março um fim de festa. Tem que rever projeto, com ou sem Neymar http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/10/psg-vive-em-marco-um-fim-de-festa-tem-que-rever-projeto-com-ou-sem-neymar/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/03/10/psg-vive-em-marco-um-fim-de-festa-tem-que-rever-projeto-com-ou-sem-neymar/#respond Sat, 10 Mar 2018 17:50:36 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4251 O Paris Saint-Germain goleou o lanterna Metz por 5 a 0 no primeiro jogo de “luto” após a eliminação da Liga dos Campeões. Mantém os 14 pontos de vantagem sobre o Monaco na liderança da Ligue 1. É favorito também na Copa da França e na Copa da Liga.

Mas e daí? O foco era a Champions. A obsessão. Ainda que o título francês marque a recuperação da hegemonia nacional, o clima já é de decepção, fim de temporada. Muitas especulações de saídas. Sobre Neymar esfriaram um pouco por conta da lesão. Já Unai Emery está mesmo se despedindo do clube. A rigor, nem devia ter permanecido depois de sequer vencer a liga na temporada passada, sem contar a tragédia contra o Barcelona.

A tendência é que o clube defina o novo treinador e consulte o comandante sobre reformulação ou não do elenco. Mas tudo isso já em março?

PSG precisa refazer seu projeto. Palavra banalizada no Brasil pelo nosso amadorismo de todo dia, mas que deve ser levada muito a sério por quem despeja milhões de euros em um clube de futebol. A meta principal, inevitavelmente, será a conquista do principal torneio de clubes do planeta.

Mas os valores podem ser revistos. Não só os financeiros. Unir individualidades em torno do coletivo. Transformar a evolução da equipe com conteúdo tático como a alavanca para manter o foco. Sair um pouco dos resultados, concentrar mais no jogo.

Assim a construção das vitórias na liga seria mais tranquila e a campanha na Champions encarada de forma natural, parte do processo. Sem aumentar a pressão que já é enorme.

Olhando para o desempenho, além da fragilidade mental que é nítida, uma deficiência salta aos olhos: como o PSG defende mal pelos flancos! Até contra o fraquíssimo Metz no Parc des Princes levou alguns sustos nas costas de Berchiche pela esquerda. Muito pela indolência de quem joga na frente. Seja a estrela Neymar ou Nkunku, o garoto em busca de espaço que marcou dois gols.

Se priorizar o trabalho tático, a disparidade abissal entre as equipes francesas continuaria sendo relativizada, mas o acerto nos movimentos defensivos seria um parâmetro mais seguro que a fragilidade dos ataques adversários. Nesta temporada, o PSG venceu várias partidas marcando “com os olhos” e quando chegou na competição continental, especialmente contra o Bayern em Munique e nos confrontos com o Real Madrid, a verdade veio inexorável. Até cruel.

É hora do dinheiro formar um time na acepção da palavra. Começando pelo treinador. Se este que escreve assinasse o cheque iria atrás de Jurgen Klopp. Não só pela competência, mas pelo carisma para agregar e dar fogo e intensidade ao que parece tão morno.

Acima de tudo, fazendo o coletivo potencializar o talento. Com ou sem Neymar. Ou qualquer outra estrela. É urgente.

 

 

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Neymar, Ibrahimovic e “O Show de Truman” http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/31/neymar-ibrahimovic-e-o-show-de-truman/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/31/neymar-ibrahimovic-e-o-show-de-truman/#respond Wed, 31 Jan 2018 06:13:14 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4080

Foto: Jean-Sebastien Evrard/AFP

E lá vamos nós de Neymar… Este blog evita o recurso fácil de caçar cliques com a maior “isca” da internet, mas em alguns momentos é inevitável abordar o tema.

O brasileiro novamente foi centro de uma polêmica ao provocar adversários na vitória por 3 a 2 do Paris Saint-Germain sobre o Rennes na semifinal da Copa da Liga Francesa. Primeiro o gesto de oferecer a mão para levantar um colega de trabalho e depois deixá-lo no “vácuo”.

Quanto ao domínio com as costas seguido de um chapéu em Bourigeaud, é o risco que Neymar adora assumir. Para quem leva será sempre um ato de desrespeito, ainda mais na Europa. O craque encara como espetáculo e uma forma de revidar com habilidade as pancadas e provocações. Mesmo sabendo que com isso se torna ainda mais o alvo.

É do jogo. Não precisava ser assim e talvez sejam exemplos ruins de um ídolo para a criança que está formando valores para a vida. Mas não definem o caráter de ninguém. Basta observar as declarações de quem convive ou já conviveu com o craque – inclusive no Barcelona, mesmo com uma saída traumática que poderia deixar ressentimentos – para desconstruir essa imagem de astro egocêntrico. Há coisas bem mais reprováveis por aí que passam batidas. Inclusive no futebol.

Ibrahimovic, por exemplo, já humilhou adversário procurando o nome na camisa, ironizou até o bigode de um oponente e agrediu com bolada o goleiro das Ilhas Faroe. Sem contar suas brincadeiras de mau gosto com colegas e as entrevistas em tom arrogante falando de si mesmo na terceira pessoa (“Zlatan”). Para muitos é visto apenas como “personalidade forte”. Outros tantos são indiferentes. Longe de causar tanta celeuma, no mesmo PSG.

Porque não é Neymar. Sempre o centro das atenções, com a vida escancarada nas redes sociais para milhões de seguidores. A ponto de monitorarem seu desempenho em campo de acordo com o namoro com a atriz global. Sem contar outras pautas que nada têm a ver com esporte.

Uma espécie de “O Show de Truman”, filme estrelado por Jim Carrey que completa 20 anos em 2018. Mas se na obra cinematográfica Truman Burbank não sabia que estava sendo filmado e sua vida transformada em um programa de TV, Neymar capitaliza com a exposição. Em todos os sentidos.

Só não pode reclamar do lado ruim, inclusive este texto que foge um pouco da bola jogada pelo brasileiro em Paris. Nem apelar para o clichê “o futebol está chato” ou se irritar com pancadas dos rivais, vaias das arquibancadas e críticas de quem pensa diferente. Ou mesmo a perseguição dos haters, muitas vezes por pura inveja.

São os prós e contras da vida. O verso da moeda vem sempre no pacote.

Veja também:

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PSG e Real atacam bem e defendem mal. Quem se organiza primeiro pro duelo? http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/27/psg-e-real-atacam-bem-e-defendem-mal-quem-se-organiza-primeiro-pro-duelo/ http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/2018/01/27/psg-e-real-atacam-bem-e-defendem-mal-quem-se-organiza-primeiro-pro-duelo/#respond Sat, 27 Jan 2018 23:05:26 +0000 http://andrerocha.blogosfera.uol.com.br/?p=4063 O Real Madrid se recuperou da vexatória eliminação na Copa do Rei em casa para o Leganés com um resultado expressivo: 4 a 1 sobre o Valencia no Estádio Mestalla. Com o time da casa disputando vaga na Liga dos Campeões e que não perdia para os merengues em seu estádio há três temporadas.

O time de Zidane foi vertical no resgate do trio BBC. Gareth Bale voltando a executar a função de atacante que volta pela direita formando a segunda linha de quatro. Sem Isco, o atual campeão da Espanha e da Europa perde criatividade e volume de jogo, porém fica mais letal na frente.

No contragolpe de manual, o pênalti sofrido e convertido por Cristiano Ronaldo. Depois uma falta mais que duvidosa de Montoya sobre Benzema para o camisa sete marcar o segundo também na penalidade máxima. Gol de Mina e muita pressão do Valencia em busca do empate. Com Lucas Vázquez na vaga de Bale manteve a estrutura tática, porém perdeu “punch” na frente.

Mas Asensio no lugar de Benzema centralizou Cristiano Ronaldo e deu a Marcelo o parceiro para a bela tabela que terminou no golaço do lateral brasileiro. O de Toni Kroos não foi menos belo, também em tabelinha rápida. Goleada, mas sem grande atuação coletiva e muitas dificuldades no trabalho defensivo. Houve uma nítida queda na intensidade e na compactação dos setores.

O PSG enfiou 4 a 0 no Montpellier. Dois de Neymar, o recorde de gols de Cavani, agora com 157 pelo clube. Mais um do redivivo Di María na vaga do lesionado Mbappé. O jovem argentino Lo Celso ditando o ritmo no meio-campo com Rabiot. Mais uma daquelas típicas vitórias tranquilas do time de Paris no Campeonato Francês.

Eis o problema para a equipe de Unai Emery. A falta de testes mais consistentes na liga nacional. Mas as raras derrotas, como os 2 a 1 impostos pelo Lyon, mostram uma equipe com sérias fragilidades defensivas. Muitas vezes com apenas seis jogadores de linha atrás da linha da bola e os laterais Daniel Alves e Kurzawa expostos, sem apoio do meio-campo.

Emery não está errado ao tentar buscar abrigar o maior número possível de jogadores talentosos na formação titular, mas há efeitos colaterais. A questão nem é marcar, ter especialistas em desarmes. O problema é a falta de coordenação dos setores na tarefa de negar espaços aos adversários. A disparidade na França faz com que o time não exercite isso mais vezes.

As derrotas por 3 a 1 nos jogos mais duros fora de casa na fase de grupos Liga dos Campeões deixaram avisos:  do Bayern em Munique para o Paris Saint-Germain e do Tottenham para o Real Madrid. Em confrontos parelhos, ceder espaços generosos para os rivais pode ser letal.

É óbvio que para as oitavas-de-final da Champions que começam daqui a 18 dias a concentração será outra, principalmente para o time visitante. Ambos sabem do potencial de ataque do outro lado e também de seus muitos problemas sem a bola.

Quem se organiza primeiro? O Real Madrid tem duas vantagens: jogadores com vasta experiência em duelos de mata-mata e mais “amostragens” de suas falhas exploradas por adversários mais fortes no Espanhol. Sem contar o peso de 12 conquistas do torneio e o foco absoluto na busca do tricampeonato.

Mas não garantem nada contra Neymar, Cavani e uma imensa vontade de ser protagonista na Europa. Mesmo com tudo que se diz sobre os bastidores, conflitos no vestiário…é jogo gigante e decisivo! Nessas horas os problemas ficam menores em nome de algo maior.

A promessa é de jogaço. Se os times continuarem atacando bem e defendendo mal podemos ter um caminhão de gols nas duas partidas. Um  duelo “lúdico” em Paris e Madri?

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