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André Rocha

Peru surpreende Chile com aula de contra-ataques que podem ameaçar Brasil

André Rocha

03/07/2019 23h39

O Chile mostrou dificuldades desde a primeira fase com a transição defensiva por conta do meio-campo sem a intensidade do auge da melhor geração da história do país, o que expunha a última linha lenta e envelhecida. A seleção comandada por Reinaldo Rueda era forte com volume de jogo, trabalhando a bola e recuperando rápido no campo de ataque.

A resposta peruana na Arena do Grêmio foi a organização sem bola da variação do 4-1-4-1 com Tapia entre as linhas de quatro e o 4-2-3-1 com Cueva mais solto atrás de Guerrero. Sempre com os pontas Carrilo e Flores voltando como laterais e permitindo que Advincula e Trauco marcassem mais por dentro, muitas vezes formando uma linha de cinco atrás. Também alternando marcação adiantada e compacta no próprio campo.

Mas principalmente a coordenação precisa nas transições ofensivas, com passes certos e verticais e o trabalho preciso de Guerrero como pivô. Explorando os espaços às costas dos laterais Isla e Beausejour e também do volante Pulgar. Assim Cueva perdeu chance incrível no primeiro tempo e Yotun desperdiçou oportunidade ainda mais inacreditável na segunda etapa.

Mas dentre as oito finalizações da equipe de Ricardo Gareca, três foram na direção da meta de Arias: Os gols de Flores e Yotun no primeiro tempo e o golpe fatal de Guerrero nos acréscimos. Todos em ações de ataque perfeitas, na construção até a finalização. Uma aula. O segundo aproveitando erro na saída do goleiro chileno.

Fruto da confiança depois da classificação contra o Uruguai nas quartas, mas também o jogo "de memória" dentro de um trabalho de quatro anos. Mesmo com o sufoco na segunda etapa de 60% de posse, 13 finalizações chilenas (17 no total) e abafa com o alto zagueiro Maripan na área adversária.

Uma vitória com autoridade e Gallese ainda pegando a cavadinha de Vargas no lance final para não ficar nenhuma dúvida. E reforçar o que este blog registrou logo após os 5 a o impostos pelo Brasil no encerramento da fase de grupos: o gol no início e depois a falha de Gallese na frente de Firmino condicionaram o jogo e encaminharam a goleada. Atípico. O placar ficou maior que a distância entre as seleções que se reencontram no Maracanã.

O Brasil é o favorito natural. Seria mesmo contra o bicampeão Chile. Mas vai depender novamente de um gol no início para não sofrer tanto contra os perigosos contragolpes do Peru. Uma ameaça em potencial para que a "zebra" não passeie pelo Rio de Janeiro e leve a Copa América para casa.

(Estatísticas: Footstats)

Sobre o Autor

André Rocha é jornalista, carioca e blogueiro do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Entender de tática e estratégia é (ou deveria ser) premissa, e não a diferença, para qualquer um que trabalha com o esporte. Contato: anunesrocha@gmail.com

Sobre o Blog

O blog se propõe a trazer análises e informações sobre futebol brasileiro e internacional, com enfoque na essência do jogo, mas também abrindo o leque para todas as abordagens possíveis sobre o esporte.